🦜 Araras (Tribo Arini, Família Psittacidae)
As araras são aves neotropicais pertencentes à tribo Arini, da família Psittacidae, que compreende os papagaios do Novo Mundo. Notabilizam-se por suas plumagens vistosas, longas caudas, bicos fortes e grande inteligência. Ocupam florestas tropicais e áreas abertas da América do Sul e Central, sendo o Brasil um dos países com maior diversidade dessas aves.
📚 Classificação Científica
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Reino: Animalia
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Filo: Chordata
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Classe: Aves
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Ordem: Psittaciformes
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Família: Psittacidae
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Tribo: Arini
As araras pertencem principalmente aos gêneros Ara, Anodorhynchus, Cyanopsitta e Orthopsittaca.
🎨 Características Morfológicas
As araras possuem corpo robusto, cauda longa e estreita, e bico curvo de grande força, utilizado para quebrar sementes duras e subir em galhos. Suas penas apresentam cores brilhantes e variadas — azul, vermelho, verde e amarelo são frequentes — o que contribui para sua camuflagem em ambientes tropicais, apesar da aparente exuberância.
Possuem uma área nua ao redor dos olhos e da base do bico, geralmente esbranquiçada ou amarelada, com desenhos distintos em cada espécie. As patas são zigodáctilas, com dois dedos voltados para frente e dois para trás, o que confere grande habilidade de preensão.
🧠 Comportamento e Inteligência
As araras são aves sociais, geralmente vistas em casais ou bandos. Demonstram elevada inteligência, sendo capazes de aprender comportamentos, vocalizações e resolver problemas simples. Usam sons variados para se comunicar, inclusive com chamados altos que ecoam pela floresta.
Possuem comportamento monogâmico, formando casais para toda a vida. Demonstram afeto e cooperação entre os pares, comportamento que reforça os laços sociais do grupo.
🌱 Alimentação
A dieta das araras é composta predominantemente por sementes, frutas, castanhas, flores e, ocasionalmente, insetos. O bico poderoso permite quebrar cascas duras, como as das castanheiras. Algumas espécies são observadas consumindo argila em barrancos — um comportamento chamado geofagia — que auxilia na neutralização de toxinas vegetais ingeridas.
🐣 Reprodução
O período reprodutivo varia conforme a região, mas geralmente ocorre durante a estação seca. As araras nidificam em ocos de árvores altas ou paredões rochosos. A fêmea põe de 1 a 4 ovos, incubados por cerca de 25 a 30 dias. Os filhotes nascem cegos e dependem completamente dos pais, sendo alimentados com regurgitação até alçarem voo, em torno de 3 meses após o nascimento.
🌍 Distribuição e Habitat
As araras habitam florestas tropicais, matas ciliares, cerrados e regiões de transição. Estão amplamente distribuídas na América Latina, com destaque para a Amazônia brasileira, o Pantanal, o Cerrado e florestas da América Central. Algumas espécies ocorrem em ambientes abertos, adaptando-se a mudanças no uso do solo, desde que haja disponibilidade de árvores para ninho e alimentação.
⚠️ Conservação e Ameaças
Várias espécies de araras estão ameaçadas de extinção, principalmente devido à perda de habitat, comércio ilegal e caça. Espécies como a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) e a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) figuram em listas vermelhas de conservação internacional.
Programas de reintrodução em habitat natural, monitoramento populacional e educação ambiental têm contribuído para a conservação desses animais, como exemplificado pelo caso emblemático da reintrodução da ararinha-azul na Caatinga baiana.
🧾 Espécies Representativas
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Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) – a maior arara existente, de coloração azul-cobalto.
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Araracanga (Ara macao) – plumagem vermelha com asas multicoloridas.
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Arara-canindé (Ara ararauna) – azul e amarela, comum na Amazônia e no Cerrado.
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Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) – espécie criticamente ameaçada, endêmica do Brasil.
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Maracanã-guaçu (Ara severus) – de menor porte e ampla distribuição.
📚 Referências
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Sick, H. Ornitologia Brasileira. Ed. Nova Fronteira, 1997.
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Forshaw, J. M. Parrots of the World. Princeton University Press, 2010.
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Enciclopédia Barsa. Volume 3. “Araras”. Encyclopaedia Britannica do Brasil, 1999.
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Lista Vermelha da IUCN – www.iucnredlist.org