Bombus terrestris: A Abelha-Mamangava e seu Papel Crucial na Polinização
Resumo
A abelha Bombus terrestris, também conhecida como abelha-mamangava-da-terra, é uma das mais importantes espécies de polinizadores do hemisfério norte, sendo amplamente utilizada na agricultura por sua eficiência na polinização de culturas como tomate, morango e berinjela. Este artigo aborda sua taxonomia, morfologia, comportamento, importância ecológica e econômica, além dos impactos causados pela sua introdução em ecossistemas não nativos.
1. Introdução
A polinização é um processo essencial para a reprodução de muitas plantas com flores e para a produção agrícola. Entre os polinizadores mais eficientes está a Bombus terrestris, uma espécie de abelha nativa da Europa e do norte da África, pertencente à família Apidae. Sua robustez, capacidade de forrageamento em temperaturas mais baixas e voo vibrátil (buzz pollination) fazem dela uma espécie amplamente utilizada em estufas agrícolas no mundo inteiro.
2. Classificação taxonômica
-
Reino: Animalia
-
Filo: Arthropoda
-
Classe: Insecta
-
Ordem: Hymenoptera
-
Família: Apidae
-
Gênero: Bombus
-
Espécie: Bombus terrestris (Linnaeus, 1758)
3. Morfologia e características
A Bombus terrestris apresenta corpo robusto, recoberto por densa pelagem:
-
Tamanho: 1,5 a 2,5 cm (as rainhas são maiores)
-
Coloração típica: faixas amarelas e pretas no tórax e abdome, com extremidade abdominal branca
-
Asas: membranosas, com batimento forte e audível
-
Fêmeas (operárias e rainhas) possuem ferrão, mas raramente picam
Sua musculatura de voo permite gerar calor, tornando essa abelha ativa mesmo em climas frios, o que lhe dá vantagem sobre outras espécies em certas regiões.
4. Comportamento e organização social
Bombus terrestris possui colônias eusociais, formadas por:
-
Rainha: única fêmea fértil, fundadora e reprodutora da colônia
-
Operárias: fêmeas estéreis que cuidam da colônia, forrageiam e defendem o ninho
-
Machos: surgem no final do ciclo para fecundar novas rainhas
Diferente das abelhas melíferas (Apis mellifera), suas colônias são anuais e menores, com cerca de 100 a 400 indivíduos.
5. Reprodução e ciclo de vida
O ciclo anual de B. terrestris se inicia com a saída da rainha hibernante na primavera. Após acasalar, ela constrói um ninho subterrâneo ou em cavidades e inicia a postura de ovos. Após a eclosão, surgem as operárias que passam a cuidar da colônia.
No final do ciclo, a colônia produz novas rainhas e machos. Após o acasalamento, as novas rainhas hibernam e o restante da colônia morre.
6. Importância ecológica e agrícola
Polinização natural
Na natureza, B. terrestris é um polinizador eficiente de plantas silvestres, desempenhando papel-chave na manutenção da biodiversidade vegetal.
Uso na agricultura
Devido à sua capacidade de realizar polinização vibrátil (buzz pollination), é muito eficaz em culturas como:
-
Tomate
-
Berinjela
-
Pimentão
-
Morango
É criada comercialmente em larga escala para uso em estufas e plantações protegidas.
7. Impactos ecológicos da introdução
A introdução de Bombus terrestris fora de sua área nativa — como no Japão, Chile, Argentina e até algumas partes do Brasil — tem gerado preocupações ecológicas, pois:
-
Compete com polinizadores nativos
-
Pode transmitir patógenos e parasitas
-
Hibrida com espécies locais de mamangavas
-
Pode alterar a dinâmica reprodutiva de plantas nativas
Esses fatores podem causar desequilíbrios ecológicos graves, especialmente em regiões com fauna polinizadora endêmica.
8. Conservação
Embora B. terrestris não esteja ameaçada globalmente, o declínio generalizado de polinizadores em todo o mundo alerta para a necessidade de:
-
Reduzir o uso de pesticidas (especialmente neonicotinóides)
-
Preservar habitats naturais
-
Controlar a introdução de espécies exóticas
-
Promover práticas agrícolas sustentáveis
9. Considerações finais
A abelha Bombus terrestris é uma aliada poderosa da agricultura moderna e da natureza. No entanto, seu uso fora do habitat original deve ser feito com cautela e embasamento científico para evitar prejuízos à biodiversidade local. A conservação de polinizadores, incluindo espécies nativas e exóticas manejadas, é um dos pilares para garantir segurança alimentar e equilíbrio ecológico no século XXI.
Referências bibliográficas
-
Goulson, D. (2010). Bumblebees: Behaviour, Ecology, and Conservation. Oxford University Press.
-
Velthuis, H. H. W., & van Doorn, A. (2006). A century of advances in bumblebee domestication and the economic and environmental aspects of its commercialization for pollination. Apidologie, 37(4), 421-451.
-
Inoue, M. N., Yokoyama, J., & Washitani, I. (2008). Displacement of Japanese native bumblebees by the recently introduced Bombus terrestris. Naturwissenschaften, 95(2), 217–222.
-
IUCN Red List (2024). Bombus terrestris. Disponível em: www.iucnredlist.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário