quinta-feira, 31 de julho de 2025

Abelha-Mamangava ( Bombus terrestris)

 

Bombus terrestris: A Abelha-Mamangava e seu Papel Crucial na Polinização

Resumo

A abelha Bombus terrestris, também conhecida como abelha-mamangava-da-terra, é uma das mais importantes espécies de polinizadores do hemisfério norte, sendo amplamente utilizada na agricultura por sua eficiência na polinização de culturas como tomate, morango e berinjela. Este artigo aborda sua taxonomia, morfologia, comportamento, importância ecológica e econômica, além dos impactos causados pela sua introdução em ecossistemas não nativos.


1. Introdução

A polinização é um processo essencial para a reprodução de muitas plantas com flores e para a produção agrícola. Entre os polinizadores mais eficientes está a Bombus terrestris, uma espécie de abelha nativa da Europa e do norte da África, pertencente à família Apidae. Sua robustez, capacidade de forrageamento em temperaturas mais baixas e voo vibrátil (buzz pollination) fazem dela uma espécie amplamente utilizada em estufas agrícolas no mundo inteiro.


2. Classificação taxonômica

  • Reino: Animalia

  • Filo: Arthropoda

  • Classe: Insecta

  • Ordem: Hymenoptera

  • Família: Apidae

  • Gênero: Bombus

  • Espécie: Bombus terrestris (Linnaeus, 1758)


3. Morfologia e características

A Bombus terrestris apresenta corpo robusto, recoberto por densa pelagem:

  • Tamanho: 1,5 a 2,5 cm (as rainhas são maiores)

  • Coloração típica: faixas amarelas e pretas no tórax e abdome, com extremidade abdominal branca

  • Asas: membranosas, com batimento forte e audível

  • Fêmeas (operárias e rainhas) possuem ferrão, mas raramente picam

Sua musculatura de voo permite gerar calor, tornando essa abelha ativa mesmo em climas frios, o que lhe dá vantagem sobre outras espécies em certas regiões.


4. Comportamento e organização social

Bombus terrestris possui colônias eusociais, formadas por:

  • Rainha: única fêmea fértil, fundadora e reprodutora da colônia

  • Operárias: fêmeas estéreis que cuidam da colônia, forrageiam e defendem o ninho

  • Machos: surgem no final do ciclo para fecundar novas rainhas

Diferente das abelhas melíferas (Apis mellifera), suas colônias são anuais e menores, com cerca de 100 a 400 indivíduos.


5. Reprodução e ciclo de vida

O ciclo anual de B. terrestris se inicia com a saída da rainha hibernante na primavera. Após acasalar, ela constrói um ninho subterrâneo ou em cavidades e inicia a postura de ovos. Após a eclosão, surgem as operárias que passam a cuidar da colônia.

No final do ciclo, a colônia produz novas rainhas e machos. Após o acasalamento, as novas rainhas hibernam e o restante da colônia morre.


6. Importância ecológica e agrícola

Polinização natural

Na natureza, B. terrestris é um polinizador eficiente de plantas silvestres, desempenhando papel-chave na manutenção da biodiversidade vegetal.

Uso na agricultura

Devido à sua capacidade de realizar polinização vibrátil (buzz pollination), é muito eficaz em culturas como:

  • Tomate

  • Berinjela

  • Pimentão

  • Morango

É criada comercialmente em larga escala para uso em estufas e plantações protegidas.


7. Impactos ecológicos da introdução

A introdução de Bombus terrestris fora de sua área nativa — como no Japão, Chile, Argentina e até algumas partes do Brasil — tem gerado preocupações ecológicas, pois:

  • Compete com polinizadores nativos

  • Pode transmitir patógenos e parasitas

  • Hibrida com espécies locais de mamangavas

  • Pode alterar a dinâmica reprodutiva de plantas nativas

Esses fatores podem causar desequilíbrios ecológicos graves, especialmente em regiões com fauna polinizadora endêmica.


8. Conservação

Embora B. terrestris não esteja ameaçada globalmente, o declínio generalizado de polinizadores em todo o mundo alerta para a necessidade de:

  • Reduzir o uso de pesticidas (especialmente neonicotinóides)

  • Preservar habitats naturais

  • Controlar a introdução de espécies exóticas

  • Promover práticas agrícolas sustentáveis


9. Considerações finais

A abelha Bombus terrestris é uma aliada poderosa da agricultura moderna e da natureza. No entanto, seu uso fora do habitat original deve ser feito com cautela e embasamento científico para evitar prejuízos à biodiversidade local. A conservação de polinizadores, incluindo espécies nativas e exóticas manejadas, é um dos pilares para garantir segurança alimentar e equilíbrio ecológico no século XXI.


Referências bibliográficas

  1. Goulson, D. (2010). Bumblebees: Behaviour, Ecology, and Conservation. Oxford University Press.

  2. Velthuis, H. H. W., & van Doorn, A. (2006). A century of advances in bumblebee domestication and the economic and environmental aspects of its commercialization for pollination. Apidologie, 37(4), 421-451.

  3. Inoue, M. N., Yokoyama, J., & Washitani, I. (2008). Displacement of Japanese native bumblebees by the recently introduced Bombus terrestris. Naturwissenschaften, 95(2), 217–222.

  4. IUCN Red List (2024). Bombus terrestris. Disponível em: www.iucnredlist.org

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