Peste Negra: a pandemia que devastou a Europa medieval
Resumo
A Peste Negra foi uma das pandemias mais devastadoras da história da humanidade, atingindo a Europa no século XIV e causando a morte de aproximadamente um terço da população do continente. A doença, causada pela bactéria Yersinia pestis, era transmitida principalmente por pulgas de roedores e apresentava formas clínicas graves e de rápida progressão. Este artigo apresenta uma visão científica sobre o agente etiológico, os vetores envolvidos, os sintomas e os efeitos sociais dessa doença que mudou o curso da história mundial.
1. Introdução
Entre os anos de 1347 e 1351, a Europa foi assolada por uma epidemia sem precedentes: a Peste Negra. Estima-se que tenha matado entre 75 e 200 milhões de pessoas em todo o Velho Mundo. Além do impacto demográfico, a pandemia provocou profundas mudanças sociais, econômicas e culturais. Compreender sua origem e mecanismos de transmissão é fundamental para a vigilância de possíveis reemergências da doença.
2. Agente causador: Yersinia pestis
A bactéria responsável pela Peste Negra é a Yersinia pestis, um bacilo gram-negativo pertencente à família Enterobacteriaceae. Essa bactéria tem alta virulência e pode causar diferentes formas clínicas da doença: bubônica, septicêmica e pneumônica.
Ela foi identificada em 1894 por Alexandre Yersin, durante uma epidemia de peste em Hong Kong, quase 550 anos após o auge da pandemia medieval.
3. Transmissão da doença
A principal forma de transmissão da Peste Negra era por meio da picada de pulgas infectadas (Xenopsylla cheopis), que parasitavam ratos pretos (Rattus rattus). Quando esses roedores morriam, as pulgas migravam para outros hospedeiros, inclusive seres humanos.
A forma pneumônica podia ser transmitida diretamente entre pessoas por gotículas respiratórias, o que aumentava ainda mais a taxa de contágio durante surtos urbanos.
4. Formas clínicas da Peste
4.1. Peste Bubônica
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A forma mais comum na Idade Média.
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Caracteriza-se por febre alta, calafrios, dores no corpo e bubões (inchaços dolorosos nos gânglios linfáticos, principalmente na virilha, axilas e pescoço).
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Letalidade entre 30% e 70% sem tratamento.
4.2. Peste Septicêmica
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Ocorre quando a bactéria invade diretamente a corrente sanguínea.
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Causa hemorragias internas, necroses e manchas escuras na pele.
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Alta mortalidade.
4.3. Peste Pneumônica
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Forma mais letal e contagiosa.
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Atinge os pulmões e pode ser transmitida de pessoa para pessoa.
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Mortalidade próxima a 100% sem tratamento rápido.
5. Impactos da pandemia
A Peste Negra dizimou populações inteiras, provocou escassez de mão de obra, colapsos econômicos e mudanças religiosas e culturais profundas. Acredita-se que a peste tenha acelerado o fim do sistema feudal, aumentado o valor do trabalho humano e desencadeado perseguições e pânico social generalizado.
6. Tratamento e prevenção
Na Idade Média, os tratamentos eram ineficazes, baseados em crenças religiosas, sangrias ou uso de amuletos. Atualmente, a peste é tratável com antibióticos, como estreptomicina, gentamicina e doxiciclina, desde que diagnosticada precocemente.
Medidas modernas de prevenção incluem:
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Controle de roedores e pulgas.
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Monitoramento epidemiológico em áreas endêmicas.
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Uso de equipamentos de proteção individual em surtos pneumônicos.
7. Conclusão
A Peste Negra é um marco na história da medicina e da humanidade. Embora hoje seja uma doença controlável, ainda existem casos esporádicos em regiões da África, Ásia e América. A vigilância contínua e a compreensão de suas formas de transmissão são essenciais para prevenir novos surtos e evitar que essa tragédia se repita.
Referências
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WHO – World Health Organization. Plague Factsheet, 2024.
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Ministério da Saúde – Brasil. Doenças Transmitidas por Vetores, 2023.
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Perry, R. D., & Fetherston, J. D. (1997). Yersinia pestis — Etiologic Agent of Plague. Clinical Microbiology Reviews, 10(1), 35–66.
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Zietz, B. P., & Dunkelberg, H. (2004). The History of the Plague and the Research on the Causative Agent Yersinia pestis. International Journal of Hygiene and Environmental Health.
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