segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Moleque-da-bananeira ( Cosmopolites sordidus)


 Cosmopolites sordidus (Germar): Biologia, Danos e Estratégias de Manejo na Bananicultura 

Resumo

O Cosmopolites sordidus (Germar, 1824) (Coleoptera: Curculionidae), popularmente conhecido como "moleque-da-bananeira" ou "broca-do-rizoma", é a principal praga da bananicultura mundial, causando perdas significativas na produção. As larvas se desenvolvem no rizoma e na base do pseudocaule da bananeira (Musa spp.), abrindo galerias que comprometem a absorção de nutrientes e água, resultando em menor desenvolvimento das plantas, amarelecimento das folhas, redução da frutificação e, em casos severos, no tombamento da planta, especialmente após a emissão do cacho. O controle da praga envolve o uso de mudas sadias, métodos de monitoramento (como armadilhas atrativas), controle químico e biológico, sendo os fungos entomopatogênicos (Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae) e a resistência de cultivares estratégias importantes no Manejo Integrado de Pragas (MIP).


1. Introdução

A cultura da bananeira desempenha um papel socioeconômico crucial em diversas regiões tropicais e subtropicais. No entanto, a produtividade é frequentemente limitada por fatores fitossanitários, com destaque para o ataque do coleóptero Cosmopolites sordidus. Este gorgulho, de hábitos predominantemente noturnos, tem no rizoma da bananeira seu local preferencial para oviposição e desenvolvimento larval. O dano direto é causado pelas larvas, que se alimentam e constroem galerias, afetando a integridade estrutural e funcional da planta. Adicionalmente, o inseto pode atuar como vetor para agentes patogênicos, como o fungo causador do mal-do-panamá (Fusarium oxysporum f. sp. cubense).

2. Biologia e Ecologia

O ciclo de vida de C. sordidus é influenciado pelas condições ambientais, variando de 23 a 70 dias.

  • Adultos: Besouros pretos, robustos, com longevidade que pode atingir até dois anos. Possuem hábitos higrotópicos (atraídos por umidade) e são atraídos por voláteis liberados pelo pseudocaule e rizoma da bananeira. A dispersão ocorre principalmente através de material de plantio infestado (mudas) e por caminhamento de adultos entre plantas.

  • Oviposição: As fêmeas depositam ovos isoladamente em pequenas cavidades no rizoma, geralmente a 1-2 mm de profundidade. A oviposição é distribuída por toda a superfície, com maior concentração na metade superior.

  • Larvas: Ápodas (sem pernas), de coloração branca e curvadas, são a fase mais destrutiva da praga. Alimentam-se vorazmente do tecido do rizoma, abrindo galerias irregulares.

  • Pupação: Ocorre em câmaras ovaladas preparadas pelas larvas nas extremidades das galerias, próximas à superfície do rizoma.

3. Danos e Sintomas

O ataque de C. sordidus resulta em danos diretos e indiretos:

  • Danos Diretos:

    • Comprometimento Vascular: A destruição do rizoma e da base do pseudocaule pelas galerias larvais interfere no transporte de água e nutrientes.

    • Tombamento de Plantas: A fragilidade da base da planta, especialmente após o aumento de peso com a formação do cacho, leva ao seu tombamento e perda total da produção.

    • Declínio da Vigor: Plantas infestadas apresentam menor desenvolvimento, amarelecimento foliar e redução no número e tamanho dos frutos.

  • Danos Indiretos:

    • Entrada de Patógenos: As galerias servem como portas de entrada para fungos e bactérias que causam podridões.

4. Estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP)

O controle eficaz de C. sordidus requer uma abordagem integrada, combinando diferentes táticas:

Tática de ControleDescrição
Cultural/PreventivoUso de mudas sadias (provenientes de cultura de tecido), limpeza da área de cultivo e destruição de restos culturais.
MonitoramentoUso de armadilhas atrativas (ex: tipo "telha" ou "queijo", confeccionadas com pedaços de pseudocaule) para monitorar a população adulta. O nível de controle é determinado a partir da contagem de insetos capturados.
Controle BiológicoAplicação de fungos entomopatogênicos, como o Beauveria bassiana e o Metarhizium anisopliae, em iscas ou diretamente no rizoma para infectar os adultos e, em menor grau, as larvas.
Resistência de CultivaresA busca por genótipos de bananeira que apresentem menor suscetibilidade ao ataque é uma prioridade. Embora não existam genótipos totalmente imunes, há diferenças significativas de resistência/tolerância entre cultivares.
Controle QuímicoAplicação de inseticidas sistêmicos no solo ou nas iscas. Deve ser usado de forma criteriosa devido a custos e impactos ambientais, priorizando o uso em conjunto com o controle biológico quando a compatibilidade é conhecida (ex: fipronil).

5. Conclusão

C. sordidus representa uma ameaça contínua e significativa para a bananicultura. O Manejo Integrado de Pragas (MIP), baseado no monitoramento constante e na combinação de táticas culturais, biológicas e genéticas, é fundamental para manter a população da praga em níveis de dano não econômico. Pesquisas futuras devem focar na identificação de cairomônios mais específicos para armadilhas, na seleção e desenvolvimento de cultivares mais resistentes e na otimização da aplicação de agentes de controle biológico sob diferentes condições edafoclimáticas.

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