Cosmopolites sordidus (Germar): Biologia, Danos e Estratégias de Manejo na Bananicultura
Resumo
O Cosmopolites sordidus (Germar, 1824) (Coleoptera: Curculionidae), popularmente conhecido como "moleque-da-bananeira" ou "broca-do-rizoma", é a principal praga da bananicultura mundial, causando perdas significativas na produção. As larvas se desenvolvem no rizoma e na base do pseudocaule da bananeira (Musa spp.), abrindo galerias que comprometem a absorção de nutrientes e água, resultando em menor desenvolvimento das plantas, amarelecimento das folhas, redução da frutificação e, em casos severos, no tombamento da planta, especialmente após a emissão do cacho. O controle da praga envolve o uso de mudas sadias, métodos de monitoramento (como armadilhas atrativas), controle químico e biológico, sendo os fungos entomopatogênicos (Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae) e a resistência de cultivares estratégias importantes no Manejo Integrado de Pragas (MIP).
1. Introdução
A cultura da bananeira desempenha um papel socioeconômico crucial em diversas regiões tropicais e subtropicais. No entanto, a produtividade é frequentemente limitada por fatores fitossanitários, com destaque para o ataque do coleóptero Cosmopolites sordidus. Este gorgulho, de hábitos predominantemente noturnos, tem no rizoma da bananeira seu local preferencial para oviposição e desenvolvimento larval. O dano direto é causado pelas larvas, que se alimentam e constroem galerias, afetando a integridade estrutural e funcional da planta. Adicionalmente, o inseto pode atuar como vetor para agentes patogênicos, como o fungo causador do mal-do-panamá (Fusarium oxysporum f. sp. cubense).
2. Biologia e Ecologia
O ciclo de vida de C. sordidus é influenciado pelas condições ambientais, variando de 23 a 70 dias.
Adultos: Besouros pretos, robustos, com longevidade que pode atingir até dois anos. Possuem hábitos higrotópicos (atraídos por umidade) e são atraídos por voláteis liberados pelo pseudocaule e rizoma da bananeira. A dispersão ocorre principalmente através de material de plantio infestado (mudas) e por caminhamento de adultos entre plantas.
Oviposição: As fêmeas depositam ovos isoladamente em pequenas cavidades no rizoma, geralmente a 1-2 mm de profundidade. A oviposição é distribuída por toda a superfície, com maior concentração na metade superior.
Larvas: Ápodas (sem pernas), de coloração branca e curvadas, são a fase mais destrutiva da praga. Alimentam-se vorazmente do tecido do rizoma, abrindo galerias irregulares.
Pupação: Ocorre em câmaras ovaladas preparadas pelas larvas nas extremidades das galerias, próximas à superfície do rizoma.
3. Danos e Sintomas
O ataque de C. sordidus resulta em danos diretos e indiretos:
Danos Diretos:
Comprometimento Vascular: A destruição do rizoma e da base do pseudocaule pelas galerias larvais interfere no transporte de água e nutrientes.
Tombamento de Plantas: A fragilidade da base da planta, especialmente após o aumento de peso com a formação do cacho, leva ao seu tombamento e perda total da produção.
Declínio da Vigor: Plantas infestadas apresentam menor desenvolvimento, amarelecimento foliar e redução no número e tamanho dos frutos.
Danos Indiretos:
Entrada de Patógenos: As galerias servem como portas de entrada para fungos e bactérias que causam podridões.
4. Estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP)
O controle eficaz de C. sordidus requer uma abordagem integrada, combinando diferentes táticas:
| Tática de Controle | Descrição |
| Cultural/Preventivo | Uso de mudas sadias (provenientes de cultura de tecido), limpeza da área de cultivo e destruição de restos culturais. |
| Monitoramento | Uso de armadilhas atrativas (ex: tipo "telha" ou "queijo", confeccionadas com pedaços de pseudocaule) para monitorar a população adulta. O nível de controle é determinado a partir da contagem de insetos capturados. |
| Controle Biológico | Aplicação de fungos entomopatogênicos, como o Beauveria bassiana e o Metarhizium anisopliae, em iscas ou diretamente no rizoma para infectar os adultos e, em menor grau, as larvas. |
| Resistência de Cultivares | A busca por genótipos de bananeira que apresentem menor suscetibilidade ao ataque é uma prioridade. Embora não existam genótipos totalmente imunes, há diferenças significativas de resistência/tolerância entre cultivares. |
| Controle Químico | Aplicação de inseticidas sistêmicos no solo ou nas iscas. Deve ser usado de forma criteriosa devido a custos e impactos ambientais, priorizando o uso em conjunto com o controle biológico quando a compatibilidade é conhecida (ex: fipronil). |
5. Conclusão
C. sordidus representa uma ameaça contínua e significativa para a bananicultura. O Manejo Integrado de Pragas (MIP), baseado no monitoramento constante e na combinação de táticas culturais, biológicas e genéticas, é fundamental para manter a população da praga em níveis de dano não econômico. Pesquisas futuras devem focar na identificação de cairomônios mais específicos para armadilhas, na seleção e desenvolvimento de cultivares mais resistentes e na otimização da aplicação de agentes de controle biológico sob diferentes condições edafoclimáticas.
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