sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Carrapatos: Biologia, Espécies Comuns, Riscos e Prevenção

 

Carrapatos: Biologia, Espécies Comuns, Riscos e Prevenção

Resumo:
Carrapatos são ectoparasitas hematófagos pertencentes à ordem Ixodida, amplamente distribuídos em todo o mundo. Afetam uma grande variedade de hospedeiros, incluindo mamíferos domésticos, silvestres e humanos. Este artigo apresenta a diversidade de espécies, aspectos biológicos, importância médica e veterinária, além de métodos de controle e prevenção eficazes para animais de estimação.


1. Introdução aos Carrapatos

Carrapatos são artrópodes que se alimentam de sangue durante algumas fases da vida. Ao contrário das pulgas, pertencem à classe Arachnida (mesma das aranhas e ácaros) e possuem quatro pares de patas na fase adulta. Seu ciclo de vida envolve estágios de ovo, larva, ninfa e adulto.

  • Tamanho: de 1 mm (larvas) até mais de 1 cm (adultos alimentados)

  • Habitat: vegetação, solo, ninhos de animais, frestas

  • Hospedeiros: aves, répteis, mamíferos, inclusive seres humanos


2. Principais Famílias e Espécies

Carrapatos são divididos em duas famílias principais:

a) Ixodidae (Carrapatos duros)

Possuem escudo dorsal visível e são os mais comuns em animais domésticos.

  • Rhipicephalus sanguineus (Carrapato marrom do cão)

    • Hospedeiro principal: cães

    • Transmite: Ehrlichia canis, Babesia canis

    • Comum em ambientes urbanos e residenciais

  • Amblyomma cajennense (Carrapato-estrela)

    • Hospedeiros: bovinos, equinos, cães, humanos

    • Transmite: febre maculosa brasileira (Rickettsia rickettsii)

    • Ampla distribuição na América Latina

  • Ixodes scapularis (Carrapato do veado)

    • Hospedeiro: cervídeos, cães, humanos

    • Transmite: doença de Lyme (Borrelia burgdorferi)

    • Comum na América do Norte

b) Argasidae (Carrapatos moles)

Sem escudo dorsal. Vivem escondidos em frestas, atacam à noite.

  • Ornithodoros spp.

    • Hospedeiros: aves, morcegos, roedores

    • Transmite: febre recorrente (Borrelia spp.)


3. Ciclo de Vida dos Carrapatos

O ciclo de vida varia entre espécies, podendo ser monoxênico (1 hospedeiro), heteroxênico (2 a 3 hospedeiros).

  1. Ovo – colocado no ambiente, geralmente em locais úmidos

  2. Larva (6 patas) – sobe na vegetação à espera do hospedeiro

  3. Ninfa (8 patas) – precisa se alimentar de sangue para se transformar

  4. Adulto (8 patas) – realiza a cópula e nova alimentação antes da oviposição

  • Tempo de vida: pode durar meses a anos dependendo das condições ambientais


4. Doenças Transmitidas por Carrapatos

Carrapatos são vetores de diversos patógenos de importância médica e veterinária:

a) Em Cães e Gatos:

  • Ehrlichiose canina

  • Babesiose

  • Anaplasmose

  • Hepatozoonose

b) Em Humanos:

  • Febre maculosa brasileira

  • Doença de Lyme

  • Tifo por carrapato

  • Febre recorrente


5. Sinais Clínicos em Animais Domésticos

  • Coceira intensa

  • Lesões cutâneas

  • Apatia, febre, perda de apetite

  • Sangue nas fezes ou urina

  • Gânglios inchados

  • Anemia

Em casos graves, o animal pode entrar em colapso e morrer, principalmente se houver infecção por hemoparasitas.


6. Prevenção e Controle de Carrapatos

a) No Animal:

  • Antiparasitários orais (ex.: fluralaner, afoxolaner)

  • Produtos tópicos (pipetas, sprays, sabonetes específicos)

  • Coleiras repelentes (com deltametrina ou flumetrina)

  • Banhos regulares com shampoos carrapaticidas

b) No Ambiente:

  • Limpeza de quintais e terrenos

  • Controle de roedores e animais silvestres

  • Aplicação de acaricidas no solo e canis

  • Aspiração de tapetes, camas e frestas

c) Medidas Complementares:

  • Consultas veterinárias periódicas

  • Isolamento de animais infestados

  • Checagem após passeios ou trilhas


7. Considerações Finais

Carrapatos representam um risco constante à saúde animal e humana, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. A identificação das espécies e o entendimento do ciclo de vida são fundamentais para o controle eficaz. A prevenção deve ser contínua, envolvendo o cuidado com os animais, o ambiente e a vigilância contra a introdução de novos vetores.


Referências Científicas

  • Barros-Battesti, D. M. et al. (2006). Carrapatos de Importância Médico-Veterinária da Região Neotropical.

  • Labruna, M. B. (2009). "Ecologia dos carrapatos em ambientes urbanos e rurais." Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária.

  • Guglielmone, A. A. et al. (2010). "The hard ticks of the world (Acari: Ixodida: Ixodidae)." Springer.

  • CDC (Centers for Disease Control and Prevention). "Ticks and Tickborne Diseases."

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